Canabinóides

Cannabisol, canabitwinol, canabizetol: o que é que estes três novos canabinóides promissores têm em comum?

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Estão agora a ser descobertos na canábis dímeros de canabinóides com pontes de metileno, anteriormente desconhecidos. Estas moléculas únicas, formadas por duas unidades canabinóides ligadas por uma ponte de metileno, poderão abrir caminho a novas aplicações médicas graças às suas complexas bioactividades.

O surgimento dos canabinóides diméricos

Tradicionalmente, a investigação tem-se centrado em canabinóides bem conhecidos, como o Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Embora estes compostos tenham perfis farmacológicos bem definidos, estudos recentes mostram que a Cannabis produz uma variedade muito maior de moléculas bioactivas, incluindo dímeros canabinóides, que se formam quando dois canabinóides padrão se ligam quimicamente.

Um dos primeiros dímeros ligados por metileno identificados foi o canabisol, um dímero de Δ9-THC. Os investigadores descreveram o canabisol como um canabinóide dimérico de ponte C único, cuja estrutura foi confirmada por uma combinação de espetrometria de massa de alta resolução, ressonância magnética nuclear e análises de cromatografia gasosa.

Depois do canabisol, os cientistas isolaram o cannabitwinol (CBDD), um dímero de CBD com ponte de metileno. O canabitwinol apresenta uma bioatividade distinta da dos seus homólogos monoméricos, nomeadamente na modulação dos canais TRP sensíveis à temperatura, envolvidos na deteção de estímulos térmicos e químicos. Esta descoberta indica que a dimerização pode alterar significativamente o perfil biológico de um canabinóide, criando novas oportunidades farmacológicas.

Cannabizetol: um metabolito bioativo promissor

O mais recente avanço na investigação dos dímeros canabinóides é a identificação do canabizetol (CBGD). Publicado no Journal of Natural Products, o estudo realça as notáveis propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias da pele do canabizetol, que ultrapassam mesmo as dos dímeros anteriormente identificados, como o canabitwinol.

Os investigadores testaram o canabizetol em 84 genes inflamatórios utilizando arranjos avançados de RT-PCR. O composto demonstrou uma inibição significativa da via do NF-κB, um interrutor molecular central para a inflamação em vários tipos de células. Estes resultados sugerem que o canabizetol pode ter potencial para aplicações dermatológicas, posicionando-o como uma adição notável à crescente lista de canabinóides promissores.

O estudo também destaca a importância mais alargada dos dímeros da ponte de metileno.

“Os compostos diméricos naturais são de importância considerável, uma vez que permitem uma maior exploração do espaço químico, o que pode conduzir a novas actividades biológicas para além das dos respectivos monómeros”, escrevem os autores. Os investigadores acreditam que outros canabinóides diméricos, incluindo híbridos compostos por diferentes monómeros de canabinóides, podem existir e estão à espera de serem descobertos.

Expandindo a paisagem química da canábis

Estas descobertas fazem parte de um esforço mais vasto para mapear o metaboloma da Cannabis sativa, que inclui atualmente mais de 100 canabinóides caracterizados. Os avanços nas tecnologias analíticas, desde a espetrometria de massa de alta resolução até às sofisticadas técnicas de RMN, desempenharam um papel fundamental na deteção destas moléculas complexas.

Por exemplo, estudos efectuados em 2025 identificaram 33 marcadores genéticos que influenciam a produção de canabinóides, fornecendo ferramentas para desenvolver variedades de plantas com perfis químicos adaptados.

O aparecimento de canabinóides diméricos é particularmente interessante, uma vez que estas moléculas representam uma camada anteriormente inexplorada da química da canábis. Ao contrário dos canabinóides normais, os dímeros podem apresentar propriedades de ligação únicas, visar diferentes receptores e oferecer bioactividades não observadas nas formas monoméricas. Isto abre perspectivas não só na farmacologia, mas também na dermatologia, na neuroprotecção e na gestão da inflamação.

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